Foi um ano recordista, apesar da conjuntura desfavorável
O ano foi particular e conjunturalmente difícil para o setor, reconheça-se de antemão, nomeadamente nos custos acrescidos ao nível dos agroquímicos, do vidro, da cortiça, do cartão, etc.. Porque marcado pela influência do conflito bélico a leste, pelo contexto inflacionário que se lhe seguiu e, também, pela crise em muitos dos mercados de destino dos vinhos da Região Demarcada do Douro (RDD). Ainda assim, 2022 permitiu à RDD incrementar as vendas globais dos seus vinhos. Ao ponto de podermos mesmo falar de um ano recordista.
O volume de negócios das seis categorias de vinho da RDD ultrapassou os 624,5 milhões de euros, graças à comercialização de um global de quase 123 milhões de litros. E os números refletem uma campanha comercial muito positiva, no ano transato, sobretudo na componente nacional do mercado, onde os vinhos do Douro registaram um crescimento de 19,5% no global do valor das vendas.
Tratou-se, no fundo, de uma continuidade da recuperação iniciada em 2021, já depois de um 2020 muito impactado pela pandemia, e para a qual contribuiu muito fortemente a recuperação turística em Portugal, acompanhada pelo canal HORECA.
O balanço de 2022 permite-nos, igualmente, anotar boas notícias para a evolução das categorias especiais de Vinho do Porto (vendas globais de 383 milhões de euros): representaram 47,5% do valor total de Porto vendido em Portugal, quando não haviam chegado a 42% no ano precedente - um dado que contribuiu para o aumento de 10% no preço médio.
O prato menos positivo da balança acabou por ser mesmo as exportações da RDD (381,1 milhões de euros), impactadas pelo contexto externo adverso, mas que esperamos ultrapassar em 2023. Com esperança na estabilização dos mercados e, acima de tudo, com o nosso redobrar de esforços, com campanhas de promoção direcionadas para mercados tradicionais estratégicos para os nossos vinhos e, também, para os destinos emergentes.
Gilberto Igrejas, Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P.
