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EDITORIAL | MARÇO 22

Porto & Douro Magazine


Perspetivas e dúvidas para 2022

O ano começou com a excelente notícia de que as vendas de vinhos da Região Demarcada do Douro (RDD) superaram a barreira de 600 milhões de euros, com especial destaque para o comportamento do Vinho do Porto. Como vem sendo hábito, a grande fatia deste registo provém dos mercados externos, correspondendo a 67% das vendas totais dos vinhos com DOP Porto e Douro.

A RDD contribuiu fortemente para a evolução positiva (+8,1 %) das exportações de vinhos portugueses em 2021, com as exportações dos seus vinhos - cerca de 403 milhões de euros - a crescerem (+12,4%) acima da média. Assim, em 2021 a região não só manteve dois vinhos no top 3 das exportações de vinhos portugueses com denominação de origem, como viu reforçada a sua quota no total das exportações.

De realçar também que a região, para além de estar a comercializar mais vinho, está a fazê-lo a um preço médio mais elevado, uma fasquia que queremos preservar e, sobretudo, aumentar.

São números motivadores, tanto mais que alcançados ainda em situação pandémica, com a dinâmica do turismo mais estática do que vinha acontecendo até 2019 (facto que impactou negativamente os resultados do mercado nacional), mas que também nos trazem mais responsabilidade, no sentido de continuar a planificar, inovar e a desenvolver políticas de promoção focadas e assertivas.

Nesse sentido, estamos a regressar aos eventos presenciais, sempre mais empáticos do que por via digital, ajudando a qualificar profissionais de hotelaria e restauração para melhor servir e comunicar os vinhos da Região Demarcada do Douro. Servir um Porto não é só conhecer a temperatura ideal, o copo mais adequado, as harmonizações perfeitas; é todo o storytelling do caráter do Douro vertido num copo, identitário como nenhum outro.

Sustentabilidade, inovação tecnológica, investigação e modernização administrativa são linhas-mestras da nossa atividade ao longo do ano em curso. Temos prevista uma série de iniciativas de modernização administrativa na prossecução destes objetivos, para garantir o futuro sustentado e próspero da atividade vitivinícola na região.

Os tempos que correm trazem-nos também algumas incertezas. A eclosão do conflito no Leste da Europa, para lá da tragédia humana de milhões de pessoas, levanta muitas incertezas sobre o comportamento das economias e a repercussão na disponibilidade e no preço das matérias-primas.

O mercado russo estava em franco crescimento e, sendo um mercado de grande escala, ficou em 2021 à porta do TOP 10 das exportações de vinho do Porto. No entanto, os últimos anos, com uma série de situações imprevisíveis, obrigaram à correção de estratégias e, não obstante, foi possível elevar a notoriedade e os resultados da comercialização de vinho, absolutamente fulcral para a economia portuguesa e para a região Duriense. E assim continuará a ser, estou convicto!

 

Gilberto Igrejas

Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, IP

 

 


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